terça-feira, 3 de agosto de 2010

Furto de donativos: diretor nega que empresa seja de Francisco Tenório
 

Após especulações sobre o envolvimento do deputado federal Francisco Tenório (PMN) no furto de doações às vítimas das enchentes, o CadaMinuto ouviu José Caboclo de Lima, diretor administrativo da Vipal.

A empresa é responsável pela segurança em escolas e prédios da Secretaria Estadual de Educação e cedeu vigilantes para fazer a segurança no galpão, onde houve o flagrante de furto dos donativos. Lima negou que a Vipal seja do deputado, mas confirmou que o parlamentar esteve no galpão na noite do último dia 13.

“A ligação que o deputado tem com a empresa é que é meu amigo há mais de 30 anos”, afirmou Lima. O diretor da empresa contou ainda que estava indo levar Tenório em casa quando recebeu um telefonema de um funcionário. Estávamos em uma reunião e eu fui deixar o deputado em sua residência, quando estávamos na Avenida Fernandes Lima o meu telefone tocou. O meu supervisor me informou que estava tendo uma enorme confusão lá no Barro Duro. Nesse momento, o deputado perguntou o que houve e eu expliquei, então ele disse que iria comigo”, completou.

O diretor da Vipal colocou também que ao chegar ao galpão foi informado que um vigilante e um fiscal foram abordados com truculência pelo Major do Corpo de Bombeiros que denunciou o furto dos materiais.

“O meu pessoal ficou com as mãos na parede por quase uma hora, quase desmaiando, houve excessos por parte do oficial, que estava com duas armas, uma de grande porte e uma pistola”, disse.

Ao chegar ao local onde houve o furto de donativos, Lima afirmou que se dirigiu a um oficial do Corpo de Bombeiros para saber quem tinha abordado seus funcionários e foi informado que o responsável pela abordagem foi um Major.

“Fui até ele para saber o motivo, o porquê de ele ter deixado os trabalhadores daquele jeito. A sorte foi que a Polícia Militar chegou e resolveu a situação, se não os funcionários teriam desmaiado. Nós estávamos fazendo o nosso trabalho. A empresa tem autorização da Polícia Federal para funcionar, estava tudo certo e, inclusive, nosso pessoal não estava nem armado. Depois que comecei a falar com ele, os ânimos ficaram acirrados e um oficial me afastou e o deputado afastou o Major. De longe, eu vi quando o deputado disse para o Major ter calma que as coisas não se resolveriam dessa maneira. Foi isso que aconteceu. O deputado é meu amigo e foi isso que aconteceu lá, se foi de outra maneira nós não temos conhecimento. Até o contrato social da empresa eu levei nos depoimentos para mostrar que a empresa não é do deputado”, colocou Lima.

Durante entrevista coletiva, na semana passada, o secretário estadual de Defesa Social Paulo Rubim colocou que “tudo indicava” que a empresa de vigilância era do deputado, mas que a informação seria apurada.

Depoimentos

Lima, o vigilante e o fiscal da empresa foram ouvidos pela Polícia e pelo Ministério Público como testemunhas do ocorrido. O diretor da Vipal informou à promotora Cecília Caranaúba e à delegada Ana Luiza Nogueira, presidente do inquérito que investiga o furto, que houve truculência na ação do Major.

“Queremos que isso seja investigado, não irá ficar desse jeito. O nosso pessoal estava trabalhando. Esperamos que as providências sejam tomadas”, frisou o diretor administrativo-financeiro da Vipal.

Constrangimento

O vigia e o fiscal, que estavam no galpão no Barro Duro, estão passando por constrangimentos desde que foram intimados a depor, de acordo com o sindicato da categoria em Alagoas. De acordo com José Cícero da Silva, presidente da entidade, um ofício foi enviado ao Comando do Corpo de Bombeiros para que seja marcada uma reunião entre representantes do Sindicato e a membros da corporação.

“Houve um constrangimento muito grande e eles estão muito abalados. Queremos conversar no Corpo de Bombeiros e expor a situação para que tudo seja esclarecido e resolvido”, finalizou Silva.

A reportagem do CadaMinuto tentou entrar em contato com a assessoria de comunicação do Corpo de Bombeiros, mas não obteve êxito

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