terça-feira, 8 de março de 2011

LER:Seminário da CUT-DF aborda omissão do governo com vítimas

Só em 2009, foram registrados 10.867 casos de LER/Dort (Lesões por Esforços Repetitivos e Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho) no Brasil. Apesar do número estrondoso, o Sistema Único de Saúde (SUS) não oferece qualquer tipo de prevenção e quase nenhum tipo de tratamento às doenças. Mais grave ainda é a omissão de grande parte dos médicos peritos do INSS que, por diversas vezes, não reconhecem a doença presente, dão alta programada e não encaminham para o processo de reabilitação. Com isso, o trabalhador volta às mesmas atividades laborais antes exercidas, mesmo sem condições físicas. “Não têm sido poucos os casos em que o diagnóstico médico vai contra o corpo pericial do INSS”, afirma a médica Maria Maeno, pesquisadora da Coordenação da Saúde e Trabalho da Fundacentro. As LER/Dort, suas implicações e a falta de comprometimento dos empregadores com os trabalhadores que têm algum tipo de lesão por esforço repetitivo pautaram o Seminário “O contexto do trabalho e suas implicações no acometimento da LER/Dort”, realizado no último dia 2 de março.

Uma pesquisa do Ministério da Previdência apontou grande queda nos números de LER/Dort em 2009 e 2010. Entretanto, não se sabe os motivos dessa queda, já que o INSS não divulga o número de processos de trabalhadores que tiveram o benefício negado. "Enquanto isso, os médicos peritos do INSS utilizaram da diminuição dos valores pagos com auxílio-doença para reivindicar reajuste salarial", criticou o advogado Luis Antônio Maia, advogado especialista em direito do trabalho e previdenciário, que também palestrou durante o Seminário. “A Previdência Social continua na época da ditadura. Digo sempre: ‘nós temos que arrombar as portas da Previdência’”, avalia Maria Maeno.

Outros dados do Ministério da Previdência apontam que a categoria mais afetada com as LER/Dort é a bancária. Segundo a última Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), 70 mil bancários disseram ter dores que indicam algum tipo de lesão por esforço repetitivo, diagnosticado por médicos. A quantidade representa 8,2% da categoria.

Segundo a Secretária de Saúde do Trabalhador da CUT-DF, Conceição Maria Costa, “a Central intensificará as ações para que sejam respeitados os direitos já adquiridos para os trabalhadores vítimas de LER/Dort”. “Essa é uma luta constante da CUT. Esses direitos devem ser respeitados tanto pelas empresas como pelo INSS”, afirma.

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