terça-feira, 8 de março de 2011

CARNAVAL:Mudança do Garcia desfila sem jegues e carroça




A Mudança do Garcia saiu, nesta segunda-feira, 7, quebrando uma antiga tradição. O irreverente bloco desceu pela primeira vez a avenida sem as costumeiras carroças e jegues. A presença dos animais foi proibida por decisão do Ministério Público da Bahia (MP), cuja determinação repete o que aconteceu na Lavagem do Bonfim, em janeiro. "A Mudança sem os animais vai sobreviver muito bem e estamos aqui para alegrar o povo com nossa irreverência", disse o diretor da manifestação popular, Bobby Carvalho.
Os servidores estaduais foram para as ruas do Garcia, sede do bloco, com uma camisa com o slogan: "Justiça para os jegues e para os servidores". A categoria utiliza a tradição de protesto da Mudança para pedir aumento para os servidores estaduais, pagamento da URV e que os acordos de planos de carreiras sejam cumpridos.
Além do governo do estado, o prefeito João Henrique também foi alvo de críticas na Mudança. Integrantes do Movimento de Moradores de Itapuã pediram a implantação do orçamento participativo, de acordo com o que foi acordado com o prefeito. Já a Central Única dos Trabalhadores (CUT) desfilou com a mensagem: "João Henrique, não brinque com o trabalhador". A Guarda Municipal também fez críticas ao prefeito exibindo cartazes falando da greve da categoria.
Diversidade - "O carnaval é de todos. A Bahia é assim, tem opiniões, tem divergência. A Mudança está aberta, todo mundo coloca um som, porque a rua é pública", explica Bobby. A Saltur - órgão de turismo da Prefeitura - chegou a proibir a passagem de mais de um carro, em regra específica para o grupo, de acordo com a Polícia Militar (PM), mas permitiu o desfile completo após negociação com os coordenadores.
Os foliões do bloco se concentraram no fim de linha do Garcia e seguiram para a Avenida. Na hora de entrar na passarela oficial do desfile, integrantes da Mudança do Garcia se misturaram com associados do bloco As Muquiranas. O trio puxado por Márcio Victor iniciaria o desfile, quando os protestos tomaram conta da cena. O caminhão com o Psirico ficou parado, mas alguns associados seguiram acompanhando a Mudança.
Em suas origens, o grupo invadia o circuito oficial para garantir sua passagem pelo Campo Grande, mas conquistou, nos últimos anos, lugar na grade de programação. A Mudança do Garcia surgiu nos anos 40 como um protesto de moradores do Garcia que foram desapropriados e obrigados a se mudar do bairro. Ao longo dos anos, o desfile manteve um tom crítico ao levar para a avenida piadas políticas e abrir espaço para a irreverência e diversos tipos de manifestação, incluindo a reivindicação de melhorias em áreas como segurança, educação e saúde.
*Com redação de Paula Pitta | A TARDE On Line

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