domingo, 10 de outubro de 2010

A Importância da Gestão de Segurança acadêmica

No Brasil do século XIX, com a elevação de colônia para Império, foram instalados, entre outras benesses, os primeiros cursos de formação superior no país: A Faculdade de Direito de Olinda e a Faculdade de Direito do Largo do São Francisco (São Paulo), ambos fundados em 1827. No entanto, se os antigos administradores imperiais gozassem do conhecimento técnico que dispomos hoje, a história poderia mudar, e as primeiras universidades do Brasil figurariam com uma lista mais ampla de cursos.


A grande maioria das pessoas entende a importância da vida humana, e apesar de radicalismos não serem simpáticos à maioria dos povos desenvolvidos, é possível afirmar, sem preocupações com censuras, que a vida humana é a coisa mais importante que existe. Não entregamos nossas vidas aos cuidados de profissionais despreparados. De fato, só nos prestamos a uma intervenção cirúrgica sob a tutela de um profissional com aproximadamente uma década de atividade acadêmica, ou só embarcamos em uma aeronave comercial pilotada por indivíduos que gozam de mais de mil e quinhentas horas de vôo. Não há razão para que seja diferente na área de segurança.
Os profissionais de segurança, na grande maioria das vezes, são responsáveis pela proteção e pela guarda da vida. É inconcebível que indivíduos despreparados sejam investidos de tão vultosa responsabilidade. Por essa, e outras razões, a Segurança evoluiu de um ramo profissional, antes exercido por profissionais dotados de conhecimento meramente empírico, para um verdadeiro campo do saber acadêmico. Em um passado recente, os predicados desejados de um Gestor de Segurança podiam se resumir meramente a experiências militares e policias, que em muito diferem da Gestão de Segurança Privada. Nos dias atuais, a formação oriunda apenas de manuais de militares tornou-se anacrônica, e o perfil desejável do profissional da Gestão de Segurança torna-se mais completo.

Os riscos à segurança, assim como o crime, evoluíram ao longo dos tempos. A figura clássica do malandro punguista, sempre presente no imaginário das boemias dos grandes centros urbanos brasileiros, cedeu lugar à ameaça do crime organizado. E assim como a criminalidade evoluiu, os agentes responsáveis por seu combate devem ser adaptar. Não é raro nos depararmos com notícias, em periódicos, que narram graves erros de agentes de segurança, que muitas vezes levam a danos irremediáveis como a perda de vidas, de pessoas baleadas por seguranças bancários mal preparados a sistemas de combate a incêndio ineficientes, todas fatalidades que poderiam ter sido evitadas com a presença de um Gestor de Segurança dotado de formação adequada.

A Gestão de Segurança é um campo do saber complexo, que engloba diversas áreas. Dada a seriedade das conseqüências de uma má atuação de um profissional da área, que pode levar, inclusive, a perda de vidas humanas, é inadmissível que esse campo do saber seja tratado como uma questão meramente técnica, muitas vezes, administrada por indivíduos sem a devida formação acadêmica. Provavelmente, se já houvesse, no Brasil Império, o entendimento de que o Gestor de Segurança é responsável por vidas humanas, talvez, a Gestão de Segurança já estivesse entre os primeiros cursos superiores instalados no Brasil, talvez, com outro nome, mas com a mesma essência, que é a formação acadêmica e altamente profissional daqueles que são responsáveis, entre outras atribuições, pela proteção da vida e do patrimônio. Cabe ao Poder Público Brasileiro a regulamentação do exercício da profissão, e a exigibilidade de reais condições no exercício das atividades de segurança. Assim como a medicina deve ser exercida por médicos, é, altamente, recomendável que a Gestão de Segurança seja exercida por Gestores de Segurança capacitados.  

Jorge Romano
– Gestor de Segurança

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