sexta-feira, 30 de julho de 2010

A NEGAÇÃO DO RACISMO


A realidade vivenciada pela sociedade brasileira, hodiernamente, decorre do fato de que dos quinhentos anos de existência do Brasil, primeiro na condição de colônia portuguesa, depois de Império e, finalmente, de República, cerca de trezentos e cinqüenta anos foram vivenciados através da sociedade escravocrata, na qual, uma parte da população, em decorrência apenas do seu fenótipo e da sua origem africana, era, oficialmente, brutalizada pela outra parte de fenótipo e origem européia.

Ou seja, durante dois terços da história do Brasil, admitiu-se, formalmente, que, em um mesmo país, sob a vigência de um mesmo Estado e em um mesmo território, homens, mulheres e crianças de um determinado grupo étnico/racial explorassem, torturassem, estuprassem e assassinassem milhões de homens, mulheres e crianças de outro grupo étnico/racial, sob o “fundamento” de que, para fins do exercício de direitos, não eram consideradas pessoas, mas apenas “coisas”, ainda que, para fins dos deveres e da responsabilidade penal, fossem consideradas plenamente responsáveis e, portanto, passíveis de todas as punições possíveis.

Noutras vezes, as pessoas que lutam contra a discriminação é que são tachadas de racistas. São acusadas de “verem racismo em tudo”, de “procurarem racistas em todo lugar”. Assim, tenta-se, por má-fé ou rematada desfaçatez, confundirem-se posturas antagônicas, vez que, uma coisa é discriminar em virtude de preconceito racial, outra, absolutamente distinta, é lutar contra isso.  Vamos pensar e repensar nossas condutas para que não cometamos crimes raciais.

 
Pensamento do Dia:
“toda ideologia que se preza é criada, mantida e aperfeiçoada como
arma política e não como doutrina teórica.”(ARENDT, 1989, p. 189).

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