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O ideal, na opinião de consultores financeiros e da Secretaria de Políticas de Previdência Complementar (SPPC), é que os funcionários entendam bem o que a empresa está oferecendo antes de aceitarem a migração. Caso não concordem com os termos da empresa, devem se unir e procurar a empresa para negociar. Eles podem, por exemplo, tentar fazer com que o plano CD seja vitalício. "É natural que ocorra essa negociação e incentivamos o diálogo para que fique bom dos dois lados", diz Murilo Barella, presidente da SPPC.
Foto: Cristiano Mariz
"No plano BD, o contribuinte sabe que quando aposentar terá o benefício que espera", diz o consultor financeiro Humberto Veiga
"Em geral, as companhias e os governos preferem os planos de CD", diz o consultor financeiro Humberto Veiga. No BD, a responsabilidade de pagar o benefício combinado é da patrocinadora. Para isso, a empresa precisa fazer aplicações que tragam bons retornos. "Neste plano, o contribuinte tira o problema das mãos dele. Ele sabe que lá na frente terá o benefício que espera", afirma.
Já no CD o risco fica por conta do funcionário. Cada um formará uma carteira individual. Quanto mais contribuir, mais dinheiro terá depois. Se o montante que ele possui for afetado por qualquer fator - como uma redução dos juros, por exemplo - o funcionário é prejudicado. "A diferença de um para o outro é a gestão do risco", diz Barella.
Assim, quando o funcionário migra, a empresa deixa de ter uma preocupação. Hoje, os principais agravantes são a queda da taxa de juros, que acaba reduzindo o retorno das aplicações atreladas à Selic, e o aumento da expectativa de vida da população brasileira - o que eleva o número de meses que a patrocinadora deve pagar o benefício.
Para o consultor André Massaro, o funcionário que possui o BD deve tentar "defendê-lo até o fim". "O cenário de juros e de investimentos está tão incerto para o futuro, e é tão provável que os retornos caiam, que ele precisa tomar cuidado para não cair no canto da sereia", afirma.
Compensações
Para convencer o trabalhador a migrar para os planos CD, as empresas costumam oferecer compensações. "Antes de aceitar ou rejeitar a migração, cada um tem que avaliar seu caso", diz um engenheiro da Sabesp que preferiu não se identificar. A companhia de saneamento está atualmente em processo de negociação com os funcionários para a troca dos planos.
No caso da Sabesprev, fundo de previdência complementar fechada dos funcionários da Sabesp, o novo plano permite que o empregado tenha acesso a 25% ou 100% do montante acumulado antes de aposentar, por exemplo. "Posso acessar o dinheiro na hora que eu quiser", diz o engenheiro, que optou pela migração para o Sabesprev Mais, o plano BD oferecido pela patrocinadora. A Previminas, fundo da Copasa, permite o saque de 25%.
Mas o consultor Humberto Veiga ressalta que essa vantagem pode não ser boa para pessoas que não têm capacidade de fazer seu próprio planejamento. O funcionário que retirar uma parte do que possui precisa saber que não terá o dinheiro depois. Vale a pena para quem possui outra forma de renda para a aposentadoria, ou para quem saiba aplicar o capital fora.
A recomendação de Rene Vicente dos Santos, presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Água, Esgoto e Meio Ambiente do Estado de São Paulo (Sintaema) é que a migração não seja feita, pelo menos enquanto houver a chance de negociação.
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